Foto do grupo: Em meia lua uma ao lado da outra. Vitória, Ewelin, Fernanda,Daia,Josy,Carol,Cris,Regina e Liza. |
Hoje
um dia para não esquecermos, para refletirmos, nos questionarmos e
não nos inquietarmos sobre este espaço que ocupamos enquanto
mulheres com deficiência, e sobre a acessibilidade tão inacessível
para quem precisa.
Em
1988, a Organização das Nações Unidas (ONU) institui a data com a
proposta de provocar a reflexão sobre o tema especialmente,
estimular a inclusão na sociedade.
No
dia de hoje e dos demais 364 dias somos desafiadas diariamente ao
sairmos de casa e nos depararmos em uma sociedade que nos inviabiliza
e nos silencia.
Mas
que silêncio é esse que estamos falando?
O
silêncio que nos aprisiona pela falta de acessibilidade, entre elas
a atitudinal que vem acompanhada de discriminação e que nos coloca
no lugar de inferioridade e exclusão total.
Este
silêncio atualmente se rompe pelo grito de luta das mulheres com
deficiência vem se fortalecendo, buscando o empoderamento e a união
deste movimento e ganhando espaço junto aos outros movimentos de
mulheres, espaço este até ontem somente de mulheres sem deficiência
na sua diversidade e que vem se somando aos poucos.
Sabemos
que temos muito a avançar nessa caminhada que busca pelo direito à
educação, trabalho, saúde, ao esporte, ao lazer acessível, ao
cuidar de sua família, de viver sem violência, igualdade de gênero
e direito de expressar este silêncio.
Estamos
construindo esta história na busca pelo direito de apenas ser que é
garantido por lei e que ainda nos impossibilita de acessá-lo.
Em
2008, o Brasil ratificou a Convenção Internacional das Pessoas com
Deficiência buscando garantir condições de vida com dignidade.
A
Convenção reafirma os princípios universais (dignidade,
integralidade, igualdade e não discriminação) e torna obrigação
dos governais, garantir a política para as pessoas com deficiência
e a sensibilização da sociedade para a deficiência
A
Lei Brasileira de Inclusão(LBI) completou um ano, mas só foi
sancionada depois de 15 anos de tramitação para se tornar lei e
garantir os direitos das pessoas com deficiência.
Mas
porque ainda esbarramos a exclusão?
A
falta de preocupação por parte do estado em garantir as políticas
públicas para as pessoas com deficiência é o primeiro empasse, a
falta de repasses para os conselhos dificultam a articulação do
movimento e difusão do tema, a falta de fiscalização para garantir
essas leis seria fundamental e claro novamente esbarramos na falta de
garantia de nossos direitos.
E
as mulheres com deficiência onde ficam?
Infelizmente
as mulheres com deficiência esbarram na invisibilidade do estado e
da sociedade o que torna essas mulheres mais vulneráveis a sofrerem
todos os tipos de violações aos seus direitos, as políticas
públicas para as mulheres existem mas não dão conta de
especificidade de cada mulher o que as deixa de fora dessas
políticas.
É
preciso olhar para a diversidade das mulheres e garantir a todas
esses direitos.
Há
dois anos o Grupo Inclusivass formado por mulheres com deficiência
luta pelo empoderamento, direitos humanos e igualdade de gênero.
Articulado
através do Seminário para as Mulheres com Deficiência e Políticas
Públicas essas mulheres representantes de movimentos, entidades e
conselhos sentiram a necessidade de criar o grupo.
No
encontro elaboraram a “Carta das Mulheres com Deficiência do RS”,
que traz 21 propostas de políticas públicas para as mulheres com
deficiência.
Somos
silenciadas quando vemos que ainda não conseguimos tornar realidade
nenhuma destas propostas, quando não conseguimos acessar um serviço
especializado as mulheres vítimas de violência pela falta de
acessibilidade arquitetônica e atitudinal, quando não acessamos os
serviços de saúde falta de aparelhos adaptados.
Este
ano o grupo teve um grande desafio em seu primeiro projeto que trouxe
um tema tão invisibilizado ainda pelas próprias mulheres com
deficiência falar das políticas de enfrentamento à violência
contra as mulheres com deficiência.
O
projeto Todas São Todas que tem apoio do Fundo Social Elas,
Instituto Avon e Coletivo Feminino Plural tem como objetivo incluir
as demandas e necessidades das mulheres com deficiência nas
políticas de enfrentamento.
O
grupo durante o ano desenvolveu atividade com este tema, alertando a
sociedade que as mulheres com deficiência sofre 3x mais violência
que as outras mulheres.
Por
serem mulher e mulher com deficiência estão mais vulneráveis a
sofrerem com as desigualdades e discriminações e violações de
seus direitos.
Essas
violações de direitos estão presentes na hora da mulher com
deficiência decidir sobre seu corpo, de querer ou não ter
filhas(os), o aborto que é tão condenado e considerado um crime, no
caso de uma mulher com deficiência decidir por engravidar em muitos
casos é aconselhada a abortar e o que é crime para as mulheres em
geral para essas mulheres é algo normal.
A
violência sexual é outro agravante no caso das mulheres com
deficiência pois sobe para 3 em cada dez. Ao testemunharem ao seu
próprio favor a falta de credibilidade acompanhada de desvalor
faz com que essas mulheres permaneçam sobre violência.
A
Lei Maria da Penha, que trata da violência doméstica e familiar,
prevê pena aumentada em um terço caso a vítima seja mulher com
deficiência.
Temos leis e mais leis que não nos protegem de vivermos todas as desigualdades por isso continuaremos na busca incansável por nossos direitos.
Temos leis e mais leis que não nos protegem de vivermos todas as desigualdades por isso continuaremos na busca incansável por nossos direitos.
Carolina
Santos
Coordenadora
do Grupo Inclusivass