quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sorolidade a companheira Fernanda Vicari.

Nós mulheres com deficiência do Grupo Inclusivass que é formado por mulheres com e sem deficiência que lutam pelo direito de se viver uma vida digna, viemos manifestar nossa solidariedade ao ocorrido com a companheira Fernanda Vicari no dia 11/01/16 onde ela relata em um post em sua rede social o total desrespeito, preconceito e discriminação sofrida por ela nesta data.
Nós mulheres com deficiência repudiamos qualquer ato de violência, seja ela física, psicológica e de gênero os quais foram sofridos por ela e salientamos que no dia 06/01/16 entrou em vigor a Estatuto da Pessoa com Deficiência e que é crime discriminar uma pessoa com deficiência.
Estamos atentas aos nossos direitos e não vamos nos calar.

Sejamos respeitadas,
Sejamos livre de preconceito,

Grupo Inclusivass


Seu relato abaixo:

Compartilhando com vocês um fato ocorrido comigo e minha irmã no dia de ontem.
O que era pra ser um simples café com minha irmã tornou-se um momento muito triste, deprimente e revoltante da minha vida.
Ao sair de uma confeitaria localizada na Borges de Medeiros no Centro de Porto Alegre, ía descendo a rampa de costas com o auxílio da minha irmã, quando veio por trás dela um homem que sem calma nenhuma, a empurrou, fazendo com que meu pneu tocasse o pé dele. Enfurecido me empurrou com força, e começou a proferir toda espécie de xingamentos.
Foram momentos de puro constrangimento, onde ele gritava dizendo que eu tinha estragado o sapato dele de 700 reais, dizendo que chamaria a polícia.
Não intimidadas, eu e minha irmã, falamos a ele que chamasse, porque se havia alguém ali que não foi respeitada, havíamos sido nós. Ele percebendo que não nos afastamos, entrou de volta na confeitaria e disse “que não era por acaso que eu tinha nascido assim aleijada”.
Fomos atrás dele e falamos que quem chamaria a polícia seríamos nós. Como estávamos na Borges de Medeiros, minha irmã chamou um Policial Militar que estava na Esquina Democrática. Minha irmã, o PM e o “Pseudo” gerente (que em nenhum momento mostrou qualquer tipo de apoio a nós) subiram ao segundo andar e buscaram o agressor.
Nos dirigimos ao Posto de Polícia na José Montaury, onde prestamos queixa e fomos ouvidas, gerando um Boletim de Ocorrência.
Não precisaria dizer que a conduta do agressor mudou totalmente após a chegada do PM, e enquanto estávamos no Posto Policial, o mesmo, chegou a chamar minha irmã para que conversassem.
O preconceito está arraigado em muitos e ataca quem se dispõem a confrontá-lo. Falta em muitas pessoas características básicas para o convívio social, como por exemplo: civilidade, humanidade, educação e respeito.
Esta não foi a primeira vez, e provavelmente não será o última, que ocorre algo deste gênero comigo, mas é um possível resultado (negativo) de quando nos dispomos a viver e conviver em uma sociedade excludente e segregadora.
Fui vítima de um crime de ódio, devido a minha condição de mulher com deficiência. Humilhada, intimidada, agredida física e verbalmente, com palavras ofensivas, gritos, descontrole total. Minha irmã exposta juntamente comigo a esta situação, em uma posição tão dolorosa quanto a minha. Tudo aconteceu pela falta de humanidade e respeito, especialmente a intolerância, ao sentimento de superioridade daquele homem ao se deparar com duas mulheres, sendo uma delas pessoa com deficiência, o que, com certeza caracterizou pra ele, maior vulnerabilidade, submissão e possibilidade de opressão.
Ele cometeu um crime, segundo o Art 140 do Código Penal, e não me calei. Não nos calamos. É difícil estar em um ambiente hostil a nossa condição de mulher, especialmente com deficiência, mas não nos calarão.
Gratidão Telia Negrao, pela generosidade sem tamanho, e a minha irmãClaudia Santos, pelo amor incondicional!
As minhas amig@s pela preocupação comigo!